terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Ensinar e Aprender (INFOE 1)

Pólo de Campo Grande - Parte 1 - ENSINAR E APRENDER
por [Aluno] Carlos Alberto Soares Leite - quarta, 12 novembro 2008, 11:22
Bom dia, colegas!
Seguindo a orientação do texto de estudo, interrompi a leitura e procurei definições sobre ensinar e aprender. Achei uma leitura a respeito (de Portugal), bem interessante, vou resumí-la:

Ensinar e aprender, uma relação de gratidão

A relação ensinar-aprender subentende competência e curiosidade, para além de afetividade e gratidão recíprocas. O verbo «ensinar» tem o significado etimológico – «pôr uma marca, assinalar, distinguir». O verbo «aprender» – «prender, agarrar a si próprio».
Em suma, hoje em dia os professores não devem ensinar, mas facilitar aprendizagens e garantir competências, de acordo com a nomenclatura das novas teorias pedagógicas de educação. Aos alunos competirá «estimular» os professores a desenvolver um discurso que respeite os seus interesses, em ambiente de eterna (e falsa) alegria. Aliás, de acordo com o texto elaborado pela Associação de Professores de Português, sobre «O Ensino e a Aprendizagem do Português na Transição do Milénio», o «novo professor» deverá corresponder ao perfil do «eternamente jovem», tornando-se preferencialmente um «apaixonado pelo ensino» e não um «apaixonado pela matéria». Nesse sentido, e passo a transcrever, «o professor tem preocupações pedagógicas que aplica em qualquer circunstância e então diversifica as estratégias, actividades, materiais – é criativo».
É visível que a Escola está a perder-se enquanto espaço de aquisição de conhecimento e de cultura, de formação pessoal, humana e artística, continuamente agredida por uma postura de arrogância, que de modo algum se coaduna com o Saber e o prazer de o partilhar. No seu livro «A Escola, a Recta e o Círculo», Olga Pombo, professora em Filosofia da Educação, na Faculdade de Ciências de Lisboa, explica a relação metafórica entre as duas figuras geométricas, que fundamentam a harmonia entre passado-presente-futuro. Escreve Olga Pombo: «A Escola (…) lugar de constituição do Homem como sucessor, aquele que herda do passado, o que sucede a, o que vai atrás, à raiz, ao início, à fonte, e que, por isso – justamente por isso – está em condições de continuar, de construir o futuro». Contrariando precisamente esta filosofia, os autores clássicos foram cognominados de «chatos», «antiquados» e «pouco sedutores para os alunos», anulando-se todas as estratégias que pudessem aprofundar o seu conhecimento.
Considero, de modo cada vez mais convicto, que a Escola tem procurado insanemente esvaziar-se do papel privilegiado que sempre ocupou, anulando-se enquanto «lugar de transmissão do legado cultural entre gerações pela qual o homem conquista a eternidade, não dos indivíduos, mas da cultura», citando as revisitadas palavras de Olga Pombo. É triste e humanamente sinistro que se continue a usar os alunos como forma de justificar essas «estratégias meio loucas», que vão ao encontro de uma nova e bizarra pedagogia, exclusivamente interessada em substituir os gestos nobres de «ensinar» e «aprender» (que aliás deixaram de se enquadrar nos objectivos educativos) por «competências» e «saberes».
Como poderão estes alunos sentir um dia gratidão face à Escola, se no seu espaço não houve lugar para o estimulante, mas também esforçado trabalho de decifrar mistérios e desbravar caminhos, que conduzem ao saber, à cultura e ao encontro com nós próprios e, consequentemente, com os outros?
Maria do Carmo Vieira
Licenciatura em Filologia Românica e Mestre em Literatura de Viagens pela Faculdade de Letras de Lisboa. Professora de Português e Francês do Ensino Secundário
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